segunda-feira, janeiro 08, 2007

Eu que não gosto de samba
no meio da roda, pedi um cigarro
C’os pés na cadeira
dei grito de fúria
‘cabou brincadeira
Silencio das vozes, meu ecos
Atolei pé no bumbo
Pandeiro quebrei num berro
Enxuguei uma lágrima

(cansada de palavras, gestos e olhares
sentires, sentires, sentires
suas mãos, seus lábios, seu corpo)

Copo na mão, levantei
Um arroto!

Eu que não gosto de sol
No meio da praia, pedi uma dose
C’os pés na areia, marejando
engoli um suspiro
não via beleza
Flores ao mar, rasguei
Apaguei velas
Num buraco cai
Não, ela não, segurei

(dentro do buraco pensei,
que me enterre, me deixe
que seja enterrada
e assim permaneça, areia)

Eu que não gosto de mim,
No meio do parque, entrei na casa de espelhos
C’os pés apressados,
quis fugir
Meus olhos encarei
Mirei nas verdades
Fitei pensamentos
(tempo, tempo, tempo)
Definitivamente...
Não gostei, sou
murro desfigurei
Gota salgada dilacerando meu rosto

(o sangue jorrando das mãos,
caindo nos pés cansados
pedaços de mim ao chão
quebrados...)

Eu que não gosto de adeus
Naquele boteco, pedi o de sempre,
C’os pés aflitos
escondidos na mesa
olhei pro graçom
de você perguntei
Já tinha partido
Já tinha secado
Já tinha passado
Você tinha ido.

Dinha Oliveira