sábado, março 19, 2011

Misto de mim...

Fiapo de vida,

Fio de teia

Num banheiro imundo

Sujo.

Seus lábios, sinto tão meus

que a ti me entrego.

Fiapo de vida,

Fio de teia

Tão escorregadiço

Sossego

Num suspiro, entrecortar de respirar

Gemido, ganido... Um grito.

A ti ofereço.

Como areia que sou

Escorrendo entre lágrimas e sorrisos

Fiapo de vida,

Fio de teia

Disto não passa...

É o que sou!

E eu que não gosto de samba

No meio da roda, pedi mais um trago

Fumaça inebriando visão

Torpe, confusa

Num descompasso

Que passo!

Eu que não gosto de mim

E por ti...

Fiapo de vida,

Fio de teia...

Aranha, barata, lagarta

Borboleta sou!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Manda

A felicidade de agora
Riso amado e descontado
Triste manda embora
A alegria de outrora.

Paixão que não entende
Ao léu se fica amargurado
Descontente manda embora
Todo o amor de outrora.

Alma que não compreende
Motivos tristes e desalmados
Chorando manda embora
O carinho de outrora.

Desconsolada desiste
Das almas a entender
Se erguendo manda embora
A raiva de outrora.

Todo o imenso azul do céu
Jamais cansa de existir
Sorrindo manda embora
A infelicidade que há por vir.

por Silvia Nascimento -" fizeram pra mim"

Retomando

Pra retomar este blog, há muito esquecido, dou início à série fizeram pra mim...

quinta-feira, abril 03, 2008

Quebra-retalhos

...talvez um meio de entortar as coisas
entornar, distorcer, mastigar
engolir a seco
cuspir, vomitar, sangrar...

... talvez seja tudo isso
talvez seja nada
quem sabe em outra parada encontre teus olhos...

Fiz quebra cabeça de você
E a cada caminho, recolho peças.
Tentativa desvairada, a cada sorriso,
Escorre lágrimas.

E como um emaranhado de cabelos
Cada fio uma lembrança
E pinçando, vou...
... uma
a
uma...
Até descobrir onde estou

Quem sabe, feito colcha de retalhos
Escrevo o que restou
E de pedaços, reconstruo o que acabou

Como tarde demais?
Se tão pouco cedo, é...

Ninguém

Prefiro ser ninguém
Olhos já cansaram do alguém que vê
Calor, mãos trêmulas, já não sentem mais
Suspiros, perderam-se junto ao fôlego cansado
Pulsos enfraquecidos... Desgastado.

Prefiro ser ninguém
Língua já nem sente mais sabor
Amargor
Pálpebras inchadas, visão embaçada...
Já nem sei mais lagrima.

Prefiro ser ninguém
Alguém que se perdeu em um pedido
Laços, traços, rabiscos, zunidos
Já nem ouço mais

sexta-feira, outubro 05, 2007

Cinza

Traz de volta o sol
Não mais viva, sou.
Agora tudo tão cinza, insosso.
Lagrimas escorrem pelo pára-brisa

(sentindo o cheiro,
teus cachos em meus dedos)

Traz de volta o sorriso
Não mais alegre, estou.
Agora tudo tão quieto, calado.
Perdida na chuva lá fora

(sentindo o gosto,
tua boca em meus lábios)

Traz de volta o calor
Não mais brasa, sinto.
Agora tudo tão apático, gelado.
Correndo sozinha estrada afora.

(sentindo o frio,
teus braços a envolver-me)

E quando olho o retrovisor
Paisagem insensível, sem cor.
Percebo que pedaços ficaram pra trás
Olhares, afagos, cuidados,
Sem teu corpo, tanto faz.

Tudo tão cinza está.

terça-feira, agosto 28, 2007

Al dente

Em chamas encontro eu
E de olhar-te alastra mais e mais
Ardente que sou, estou
Assim, por ti.

E me queima quando encosto
em tua língua, suavizo o ardor
Enlouquecida, estou e sou
Assim, por ti.

Porque sou fogo incandescente
Incansável de arder-me em ti
Tocha insolente, al dente
Atrevo-me, sempre sua, sou.

Amanda Oliveira

quinta-feira, julho 12, 2007

Num banheiro imundo,
Acendo um cigarro,
Gargalho.

Brincando de querer o que não quero,
e sentindo o que não sinto,
Espalho.

Com palavras e salivas, infecto.
e assim adoecida
Bebo mais um trago,
Gargalo.

Debochando de mim mesma
Dos desejos que não tive,
e os amores que vivi,
Escorrego.

E deito nua neste chão gelado,
Sinto frio queimando espinha.
Teu cheiro estacionado à porta
Entrego.

E persegue, e bate, espanca e grita.
Meu sonho de mentira,
fantasia copiada.
Nego.

Que um dia fui feliz
Invento que foi eu quem quis
E conto histórias
E imagino, e crio, e enfeito
Acredito.

Realidade pré-moldada
Poesias inventadas, vidas arrastada
E faz de conta de magia
E no canto dos lábios,
Sorriso!

[ecoam meus berros]

"Mornamente"

Desespero preso na garganta, ganido.
Eco trêmulo ao meu ouvido, gemido.
Fervor na pele queimando rosto,
Tudo que sou, somente esboço.

E canto e grito, engano e escondo,
Sorriso enfeito, alvo e branco.
Uso capas e batons, espanto nudez
Máscaras em vários tons, perder lucidez.

Sangue morno corre em ébria mente
Carne seca, cansada, vida estagnada,
Nem frio ou quente, olhar dormente.

E forte brado se perde ao vento,
Engulo a seco a lágrima estocada.
Apelo! Definha-se tempo...

Amanda Oliveira

segunda-feira, junho 18, 2007

Expectativas

Como viver uma vida sem semear expectativas? E poque é tão frustrante quando não colhemos o que esperamos? Se eu plantar milho, quero e espero colher milho, e não cana-de-açúcar. Acho que o maior problema é quando não entendemos nada sobre agricultura e pegamos uma plantação já semeada, e ainda crescendo, é incrível como que pra um leigo milho é extremamente parecido com a cana desde o principio...

Mas quem disse que milho é melhor que cana? Às vezes o que esperamos colher esta em baixa no mercado, às vezes apostamos todas as fichas em ações promissoras que perdem seu valor drasticamente da noite pro dia, assim como semeamos ao vento e este por pura pirraça nos traz uma grande lavoura de algo desconhecido. Temos então duas opções, exterminar a plantação acreditando que se trata de um monte de braqueária, ou aguardar, pode ser capim estrela

O mais engraçado, é que tudo no começo surpreende, o mesmo mato que pode ser daninha pode ser feno, não se sabe a utilidade se não deixar tomar conta do pasto e florescer ou então espalhar...O mesmo que pode trazer a bonança, a boa colheita, pode exterminar toda uma safra, comprometer toda a lavoura, imagina o perigo de daninhas no plantio do café, imagina se tudo o que víssemos maquiássemos em flores? Por isso é preciso sempre dosar, nem tudo é tão maléfico quanto pensamos, e como ultima opção, sempre existe um agrotóxico para o combate

Interessante a frustação quando a apostamos todas as economias no arrendamento de um alqueire de café ja plantado (por exemplo), porque ai não há falhas de plantio, ja esta cultivado, a planta crescida, produzindo frutos de ótima qualidade, sabemos que é só investir em cuidados com a lavoura, com sua manutenção, eliminando pragas e conservando as qualidades do solo, irrigando, oferecendo condições para que a planta produza além do ano anterior, que multiplique sua capacidade, que faça da colheita uma grande safra. Mas por forças alheias a nossa vontade, a vontade do agricultor, ha uma reviravolta no mercado e o valor da saca de café despenca, todas as economias investidas são perdidas, a venda da safra nao paga o arrendamento, quem dira os gastos e investimentos, os empréstimos, os lavradores, tudo perdido, prejuizo, melhor estocar a colheita num armazem e aguardar, porque vender agora é atestado de falencia sem qualquer possibilidade de regresso

E os plantadores de soja vão ao delírio com a desgraça de seus vizinhos, a soja bem cotada, esta em alta, fica facil caçoar da desgraça do outro, é como dizem pimenta no olhos do outro é refresco. Mas o mundo do agronegócio é surpreendente, o que ta em cima, safra que vem ta em baixa, quanto maior a oferta menor a valorização, e os cafeicultores que venderam sua colheita a preço de bananas resolvem aderir a nova sensação do momento, derrubam os pés de café, adubam o solo, semeam soja e se preparam pra grande colheita.Mas tem um doido la no meio, que diz não arredar o pé, esquece seu café desvalorizado no armazém, renegocia com os bancos, faz mais emprestimo, paga os lavradores, e espera um pouco mais.Na verdade, ele se dá esse tempo, de descobrimento, pra ver até onde é capaz de suportar, se tranca, como se estivesse em banheiros sujos desesperadamente agarrado ao vaso como unica companhia. Ele sente seus dedos fracos, não conseguindo mais se agarrar a nada.Sente seu corpo cansado, sua vida despedaçada, e se adapta ao banheiro, àquela escuridão insalubre...