quinta-feira, julho 20, 2006

Meus passos

Vilã de mim mesma
Eu me roubo, me estupro,
me mato.
Das cinzas, renasço.
Sigo em frente, sou meu carrasco.

Ando contando passos
Batendo asas
Colhendo lágrimas.
Vou rabiscando meus traços

Embaralho,
Misto,
Confuso,
Descompasso.

(Dinha Oliveira 20/07/06)

Quartzo Verde

Pedra cor,
Cor de pele que toca
De braços, corpo apertar.

Pedra aroma,
Aroma de gesto que encanta
De cheiro, sentidos despertar.

Pedra sabor,
Sabor de mordida, que boca!
Gosto de beijos, lábios molhar...

(Dinha Oliveira 17/07/06)

Coração Selvagem*

Não há como penetrar
Coração arisco, assustado
Selvagem, refuga
Desprezo, ataca

Joana bem sabe...

"Difícil aspirar as pessoas
como aspirador de pó"
É uma dor cansada
Sofrida e calada
Uma lágrima simplificada

Joana bem sabe...

O vazio do seu coração
A necessidade de preenchê-lo
E a certeza do sempre vão
Por isso os pensamentos
Que inundam o seu ser
Transbordam em sua mente

É Joana bem sabe...

Não há como adentrar
O máximo é perto ficar
Perto do coração selvagem...


(Dinha Oliveira 19/07/06)

*inspirado em Clarice Linspector

sábado, julho 15, 2006

O que seguras?
Grito mudo.
O que olhas?
Visão torpe.
O que sonhas?
Desejos vãos.
O que queres?
Sentidos não!

(Dinha Oliveira 14/07/06)

Avesso

Do avesso que estou, reconstruo
Da lágrima que cai, engulo
Do sol que nasce, entardeço
Do dia a clarear, escureço
Da lágrima que torna a cair, esqueço
Do sentimento que não quero sentir, emudeço...

(Dinha Oliveira 14/07/06)

quinta-feira, julho 13, 2006

Que morram

Que morram as palavras
Que esmaguem os sonhos
Que retalhem os apelos
E se matem os devaneios

Que estrangulem os planos
Que enforquem os carinhos
Que esfaqueiem os cuidados
E se matem os desenganos

Que desfaleçam as esperanças
Que pisoteiem as lembranças
Que sufoquem os instintos
E se matem os destinos

Que se esqueça com a morte...

Dinha Oliveira

terça-feira, julho 04, 2006

Torto

Esse meu jeito
Impulsiva
Saio atropelando tudo...
Não queria machucar ou ferir ninguém
Queria só acalmar meu coração
Acalentar meu peito
Sumir com a dor
Meti os pés pelas mãos
Não queria decepcionar ninguém
Não queria que tomassem por suas minhas dores
Queria só sumir
Apagar
Não ver...
Cada um tem um lugar ímpar em mim
Cada particularidade, admiro
Não quero perder mais ninguém
Só preciso me encontrar...

(Dinha Oliveira)

Poeta da Dor

Palco imaginário
Platéia invisível
Aplausos! Um viva!
Seu show...

Palavras fingidas
Poeta da dor
Que engana
E diz que ama

Segredos de coxia
Ilusões da alcova

Gloria! Fama! Holofotes
Intocável...

(minha vida, bastidores).

Dinha Oliveira

domingo, julho 02, 2006

Síndrome de Lagarta

Arrasta, rasta, rasta, caminho de fel
Lagarta, inteira, por toda vida
Avante! Rumo ao léu
Presa, condenada desde a partida

Segue com seu pranto amargo
Colhendo olhares de desprezo
Segue contando seus passos
Desejando, um dia, pouco zelo

Interrupção! Casulo, glória, transformação
Asas, vôo, caminhos sem chão.
Universo todo a conhecer

Arrasta, rasta, rasta, caminho sem fim
A borboleta que precisa se sentir lagarta
Pr´um dia mais viver...

(Dinha Oliveira)

Reencontro

Suas mãos a percorrer meu corpo
Apertando-me contra seu peito
Perco-me em seus braços
Meu pescoço
Meu colo
Meus seios
Lábios quentes a passear
Reexplorar o que já foi seu
Redescobrir cada gemido que já ouviu
Ressentir o tremor da pele
O calor dos corpos úmidos
O suor de nossa junção
A tranqüilidade de cada movimento
Sem pressa...

O Reencontro.

(Amanda Oliveira 02/07/06)