sexta-feira, outubro 05, 2007

Cinza

Traz de volta o sol
Não mais viva, sou.
Agora tudo tão cinza, insosso.
Lagrimas escorrem pelo pára-brisa

(sentindo o cheiro,
teus cachos em meus dedos)

Traz de volta o sorriso
Não mais alegre, estou.
Agora tudo tão quieto, calado.
Perdida na chuva lá fora

(sentindo o gosto,
tua boca em meus lábios)

Traz de volta o calor
Não mais brasa, sinto.
Agora tudo tão apático, gelado.
Correndo sozinha estrada afora.

(sentindo o frio,
teus braços a envolver-me)

E quando olho o retrovisor
Paisagem insensível, sem cor.
Percebo que pedaços ficaram pra trás
Olhares, afagos, cuidados,
Sem teu corpo, tanto faz.

Tudo tão cinza está.

4 comentários:

CAVALEIRO ANDANTE disse...

Ah! Esses poetas solitários como uma ilha cercada de mar de gente por todos os lados, tão sós como na hora da morte, que se não for cinza é branca, tão comovidos com tudo e com nada, tão silenciosos e eloqüentes, calados em cada grito, com seus olhares de Jano para todos os lados, presente, futuro e passado. Ah! Esses poetas tão imprescindíveis, e tão inevitáveis!

Anônimo disse...

Soberba manifestação poética vinda de uma flor tão sublime, tão excelsa, neste jardim cosmopolita que é a blogosfera!

E que aroma, Deus meu!

Sabe a café doce, tem o gosto da goiaba, enfim, tropicalismo q.b.
para inebriar os sentidos de quem lê!

Sabe bem ler isto, será que vicia?!

Anônimo disse...

Deixe a paisagem cinza fazer parte do universo do teu retrovisor, olhe pra frente e sem duvida vera o dia da certeza de coisas melhores raiando. ;)

Aya

C@rLoS Ter@d@ disse...

que força da natureza calou a poetiza??o amor arrebatador, o vento da passividade ou o mar de ócio que cerca nossas ilhas de boa vontade??
cade a poesia que cercava meu dia??

OLHA A PEDRA!!!RSRS